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Ansiedade - Uma infinidade de escolhas

Viver é sobre projeto existencial, é sobre dar sentido a um vazio estrutural, um vazio necessário - pois é delimitador do que somos nós e as coisas - e ao mesmo tempo angustiante.

Aprendemos desde cedo, desde criança, que o mundo gira suas próprias engrenagens e que estamos soltos nele, de forma que temos que transformar nossos vazios em engajamento. Não estamos sós, estamos em um mundo com os outros e um mundo de olhares.

Muitas vezes esses projetos que nos projetam, essas coisas que aprendemos, não nos dão aquilo que precisamos, não nos levam a um caminho de sentidos que dá conta da angústia, porque o futuro que projetamos a partir do passado que vivemos, um passado que não muda, é incerto.



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Estamos em um mundo com os outros e um mundo de olhares.

Queremos chegar a um lugar e queremos que seja desta forma, ainda que os becos que entramos sejam sem saída, sempre podemos voltar e refazer o caminho, mas depois de tantas vezes, de tanto cansaço nisso, o futuro que projetamos no presente se torna esmagador, se torna devorador de um passado e um presente, com uma força avassaladora e soberana.

É quando esse futuro se gigantifica com tanta força que nosso presente se torna um abstrato incerto, uma expectativa infernal e uma dúvida imensa, é aí que está aquilo que vejo como ansiedade, é o poder de um futuro muito esperado, muito carregado de significados e totalizações, um futuro que vem de um passado que necessita de mudanças e de novos projetos.

A ansiedade tem uma ligação intima com a liberdade, que é uma condição constitutiva do ser. Somos livres, mas somos livres para o quê? Somos livres para escolher, somos quase uma máquina de escolhas e é a partir das infinitas possibilidades de escolha (possibilidades de ser), que a ansiedade se coloca como medo, um medo de escolher, muitas vezes. A pessoa ansiosa emula diversas vezes, em sua cabeça, as consequências dessas escolhas, e a partir desse possível de futuro, que todas essas escolhas a soterram, a sufocam, pois uma escolha "errada" elimina um futuro possível (como se pensa). Mas primeiro é importante entender que, não há escolhas necessariamente erradas, Sartre já dizia que nós sempre escolhemos para o nosso bem, sempre escolhemos o "bem". Então não há escolhas erradas, afinal, são apenas escolhas e essas escolhas podem trazer resultados que não conseguimos prever.



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É a partir das infinitas possibilidades de escolha (possibilidades de ser), que a ansiedade se coloca como medo, um medo de escolher, muitas vezes.

Há outro fator importante no ser-ansioso, que é a necessidade de controlar esse futuro que projeto meu presente, preciso escolher para que o futuro seja exatamente este que imaginei, embora não haja qualquer certeza de que ele chegue a mim desta forma, e nunca haverá. Esquecer a necessidade de certeza, embora ela traga segurança, talvez seja um bom começo para lidar com as ansiedades, pois não há como ter certeza de que a escolha "X" se tornará o futuro "Y" e aceitar isto pode ser absolutamente libertador.

 
 
 

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© 2019 por Thiago Trafimovas.

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